terça-feira, 20 de maio de 2014

Perguntar não ofende!

Atores estão acostumados a terem diferentes lideres durante suas vidas profissionais. Cada peça de teatro, novela, filme traz em sua liderança um diretor diferente, o que gera em cada trabalho uma maneira nova de se relacionar com ofício.
Assim como nas empresas, principalmente as grandes, cada vez mais os profissionais tendem a responder para diversos líderes. Cada qual com sua maneira de agir e suas expectativas para serem ao menos alcançadas.
É muito mais fácil saber o que que é necessário para alcançar a expectativa do diretor X se estamos trabalhando com ele há tempos já. Mas concordam comigo que mesmo assim ainda ocorrem alguns problemas devido ao ruído de comunicação.
Um famoso diretor de teatro sueco chamou sua atriz preferida para fazer Romeu e Julieta de Shakespeare. Certo de que ela faria exatamente o que ele queria, os ensaios ficavam mais difícil a cada encontro. O diretor frustrado com a atuação de sua predileta e a atriz desconfortável pois sabia que algo estava errado, porém não sabia o que era. Uma semana antes da estreia, a estrela principal tem um ataque em cena, pois seu parceiro pula uma fala sua. O diretor por sua vez insatisfeito e frustrado com o trabalho de sua predileta, aproveita a deixa e coloca toda sua fúria boca a fora, deixando todos no ensaio muito desconfortável e abalando uma amizade profissional e pessoal de anos. No dia seguinte, arrependido de ter dado um “show à parte”, o diretor manda flores a sua atriz e um convite para jantar, como uma maneira de levantar a bandeira branca. Os dois se encontram e finalmente conversam sobre suas percepções sobre a peça e começam a montar um dos grandes quebra-cabeças que Shakespeare desenhou para o teatro. Passaram 4 horas colocando os pingos nos i e se prometeram conversar. Sempre.
No dia a dia de trabalho geralmente acontecem esses ruídos de comunicação. Um chefe dá uma instrução aos funcionários, mas as vezes não faz isso de forma clara ou não toma o tempo certo para isso e a equipe não entende direito. As pessoas têm medo de perguntar e assim ao invés de tirar alguma dúvida o funcionário acaba por deduzir o que o chefe instruiu. O resultado quase sempre é diferente do esperado.

É importante que consigamos nos expressar de maneira que todos a nossa volta entendam. Escolha palavras que facilitam o entendimento. Ao final da instrução, tenha certeza de que seu funcionário ou seu colega de trabalho entendeu o que você tinha a dizer. Da mesma maneira, é importante que o funcionário reflita e avalie se entendeu a mensagem e em caso de dúvida pergunte. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Palavras ao vento

Continuando a falar sobre ética no trabalho.
Uma das condições para que se crie uma atmosfera sã no ambiente de trabalho é que haja uma forte autoridade das pessoas que, por um motivo ou por outro, devem ter a liderança.
Até quando o diretor ainda não tiver sido escolhido ou nomeado, se pode discutir, lutar ou protestar contra este ou aquele candidato à direção. Mas assim que uma determinada pessoa é colocada à frente da empresa ou de um setor, então é preciso sustentar a coisa, enquanto é possível, no interesse próprio e da organização porque quanto mais ele for fraco, maior é a necessidade do teu suporte. Se o diretor não tem autoridade, se paralisa o centro motor da empresa inteira. Mas a nós agrada ofender aqueles que nós mesmos exaltamos  desacredita-los e destruí-los.
Se uma pessoa de talento assume uma posição importante ou se eleva além do nível geral por  qualquer motivo, nós o acusamos e murmuramos contra ele: “Não tem o direito de se fazer de superior. Não rasteje pelos postos mais altos, oportunista”. Quantas pessoas dotadas de talento, e que nos eram necessárias, foram perdidas desta maneira. Só poucos tiveram o reconhecimento e a admiração, apesar de tudo. Mas em geral estão bem os oportunistas, que sabem como manter o pulso. Resmungamos entre nós, mas aceitamos; porque não somos unidos. Fica difícil, e temos medo de depor quem nos mantém dependente. No mundo corporativo  está na ordem do dia a luta entre funcionários e diretores em primeiro lugar, a inveja do sucesso dos colegas, a valorização das pessoas pelo dinheiro que tem ou pelo cargo que tem, com poucas exceções e tudo isto danifica muito o trabalho. Escondemos sob belas palavras, como “nobre competição”, o egoísmo, a inveja e as intrigas, mas no entanto, nestas frases se infiltram as exalações venenosas do ciúme que se aninha nos corredores e a da intriga, emprestando a atmosfera do ambiente de trabalho.
Por medo da concorrência ou por inveja mesquinha, os profissionais, acolhem prontos a desferir um golpe, os recém-chegados à nova família empresarial. Se os novatos conseguem superar a prova são afortunados. Mas quantos não se assustam, perdem a confiança em si mesmo e se extraviam (se desanimam)!
Nestes casos os profissionais são como estudantes que subjugam cada recém-chegado. Esta psicologia é muito próxima àquela dos animais. Esta psicologia bestial que, para a vergonha dos profissionais, se encontra em todas as empresas– com exceção de poucas – deve ser combatida antes de qualquer outra coisa. Não só é difundida entre os principiantes – impera principalmente entre mais experientes.
Por que pessoas de talento desonram uma coisa que é bonita e que um dia criaram juntos? Por causa de ofensas e mal-entendidos mesquinhos e pessoais. E assim, os profissionais  que não venceram a tempo os maus instintos típicos da sua profissão, caem em um tal abismo de auto intoxicação.
Que isto te sirva de advertência e de claro exemplo.

Baseado na tradução de Celina Sodré do texto Ética opera non finita do livro
STANISLAVSKIJ: L’ATTORE CREATIVO, editora LA Casa Usher


Ame o que você faz


Constantine Stanislaviski, ator, diretor, pedagogo e dramaturgo russo de grande destaque nos séculos XIX e XX achava a ética fundamental para o processo de criação, já que se trata de um processo coletivo. Mesmo encenando um monólogo o ator necessita de uma equipe de pessoas como: diretor, iluminador, operador de som, bilheteiro etc.
No mundo dos negócios também é assim. Podemos não perceber, mas fazemos parte de um todo.
Pois bem, imagine que hoje você veio ao trabalho para fechar um importante negócio. A reunião será daqui a meia hora. Na vida particular você tem muitas preocupações e aborrecimentos. Em casa aconteceu alguma coisa. Um ladrão acabou de roubar o teu carro e o celular novo. Neste momento você tem mais uma preocupação: assim que entrou no escritório você se deu conta de que tinha deixado em casa a chave da gaveta aonde guarda o dinheiro. Para que ninguém roube! E amanhã vence o aluguel! Você não pode deixar passar a data porque as tuas relações com a proprietária são muito tensas. E depois, tem ainda uma email de casa – teu pai está doente. Isto te angustia muito: antes de tudo porque você o ama, e depois, porque viria a faltar a ajuda material, se lhe acontecesse alguma coisa – o teu salário é baixo. Mas a coisa mais desagradável são as relações ruins que você tem com teus colegas e com a direção da empresa. Os teus colegas não perdem uma ocasião para debochar de você e se permitem fazer brincadeiras desagradáveis durante o dia a dia da empresa: seja omitindo de propósito uma informação, seja mudando inesperadamente as marcações de reunião, seja, durante a reunião, sussurrando alguma coisa ofensiva ou indecente. E além do mais você é tímido, e fica inseguro. Mas é exatamente isso que querem os teus colegas, e é este o divertimento deles. Um pouco por tédio, um pouco para se divertir. Reflita atentamente sobre aquilo que acabei de contar e julgue se é fácil, nesta situação, se concentrar o quanto é necessário para o trabalho criativo em cena. Estamos todos naturalmente de acordo que é uma tarefa difícil, sobretudo por causa do pouco tempo que sobra antes da tão esperada reunião.
Se pelo menos estivéssemos prontos a tempo!
Com sua expertise o profissional arruma tem gestos que vão sozinhos, mecanicamente, e você nem se dá conta de que está pronto.
Você tem apenas o tempo de se precipitar em cena no último segundo. A porta se abre e você ainda está sem fôlego. A tua língua diz o texto da primeira fala pela força do hábito, como um papagaio. Depois, recuperado o fôlego, você pode pensar na “sensação de si em cena”.
Você acha que eu estou brincando e sendo irônica? Claro que não. É preciso admitir que na vida corporativa nos deparamos frequentemente com um comportamento assim, anormal, diante dos nossos deveres profissionais.
Agora vou apresentar um quadro diferente: ficam as circunstâncias da vida pessoal, isto é, os problemas familiares, a doença do teu pai, e o resto; mas no escritório te espera alguma coisa totalmente diferente: todos os membros da família da empresa acreditam naquilo que se diz no meu livro A minha vida na arte. Lá se diz que nós profissionais que amamos o que fazemos somos pessoas de sorte, porque neste mundo desmedido o destino nos concedeu uma chance de fazer exatamente aquilo que amamos, no qual podemos criar a nossa própria vida profissional, especial, magnífica que transcorre no trabalho coletivo.
Não basta isso para fazer um maravilhoso pedaço de mundo? É claro, então, qual destas duas variantes nos agrada.
Protejam o seu ofício antes de tudo que é negativo, e aparecerão as condições favoráveis ao trabalho e à sensibilidade de que precisa.
Não se pode entrar no escritório com os sapatos sujos. Tirem fora a poeira e a sujeira antes de entrar. Entretanto deixem fora os sapatos e todas as pequenas preocupações, as brigas, as questões que tornam a tua vida difícil e te distraem do seu ofício.
Limpe a garganta antes de entrar. Depois que entrou você não pode mais cuspir pelos cantos.
Mas as pessoas, na maior parte dos casos, transferem de todas as partes para o trabalho cada mesquinharia, implicâncias, intrigas, calúnias, inveja, egoísmo mesquinho. O resultado é, não um templo profissional, mas uma lixeira, uma escarradeira, um chiqueiro.
De uma vez por todas é preciso entender que é falta de educação lavar a roupa suja diante de todos, que desta maneira parece falta de controle, falta de respeito em relação ao próximo, o egoísmo, a indisciplina e os maus hábitos... De uma vez por todas é preciso deixar de lado a autocomiseração e o desprezo por si. Em sociedade é preciso sorrir, como fazem os americanos. A eles não agradam os rostos amargos. Chore e sofra em casa, ou quando estiver sozinho. Com os outros, esteja de bom humor, alegre e simpático. Neste ponto é preciso exercitar o autocontrole.
Pense um pouco mais nos outros e um pouco menos em você mesmo. Cuide da atmosfera comum e do trabalho comum. E, então, você estará bem. Se cada um dos trezentos colaboradores trouxesse consigo ao trabalho a alegria, isto curaria até o pior dos manicômios. O que é melhor? Consumir a alma, ou então, estudar junto a trezentas pessoas, um modo de manter afastada a autocomiseração e se dedicar totalmente ao trabalho querido? Quem é mais livre? Quem se fecha na sua independência, ou quem, esquece de si, e se preocupa com a liberdade dos outros? Se todos se preocupam com todos, então a humanidade inteira defenderá também a minha liberdade pessoal.
Se noventa e nove em cada cem pessoas se preocupam com a liberdade comum, e então também com a minha, eu, o centésimo, vou ter muita facilidade. Se ao contrário, todos os noventa e nove pensam só na sua liberdade pessoal e, os outros, incluindo eu mesmo, são oprimidos, então eu, para proteger a minha liberdade devo combater sozinho todos os noventa e nove egoístas. Esses oprimem, mesmo não querendo, a minha liberdade, já que cuidam só da própria liberdade.
A mesma coisa acontece entre nós: não só vocês, mas todos os membros da família de um escritório se ocupar para que vocês se sintam bem entre as paredes do escritório. Então se cria uma atmosfera na qual se superam os maus humores e se esquecem das pequenas preocupações da vida cotidiana. Em tais condições o trabalho ficará mais fácil. Esta disponibilidade para o trabalho, esta condição de ânimo elevada, eu chamo isto, com as minhas palavras, de “pré-disposição para o trabalho”. Seria preciso chegar sempre ao trabalho com este estado de espírito.
Ordem, disciplina, ética, etc., servem apenas para a causa comum.
A primeira condição para obter a “pré-disposição para o trabalho” é a observância da máxima: “Ame o trabalho em você e não você no trabalho”. Preocupe-se então, antes de tudo com as tuas ações. 


Baseado na tradução de Celina Sodré do texto Ética opera non finita do livro
STANISLAVSKIJ: L’ATTORE CREATIVO, editora LA Casa Usher

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Curso de atualização da ESPM-RJ


Convencer

Olá,

Meu nome é Manuela Penque. Sou atriz e publicitária. Meu maior sonho quando entrei na faculdade era fazer aqueles comerciais de tv. Aqueles que são tão bons que anos se passam e nós ainda lembramos deles. Mesmo que não tendo ideia de qual produto eles estejam vendendo, a lembrança daqueles 30 segundos ainda permanecem em nossa cabeça. Quando descobri que aquilo ainda podeia dar prêmios... Ah! Definitivamente era aquilo que eu queria. Até o primeiro dia da aula de corel draw e photoshop. Eu não tinha a menor ideia de como funcionava e depois da quarta aula eu realmente não queria nem saber. As letrinhas pulavam umas em cima das outras e destinção de cores não é meu forte. Sou míope e mesmo usando lentes não enxergo muito bem. Aquilo me causava uma enxaqueca tremenda. Até hoje se minha vida depender de que eu faça um anúncio para alguém ou um simples retoque de imagem no photoshop eu estarei perdida!
Fui à caça de outras áreas da publicidade e acabei no atendimento. Ao invés de ter as idéias geniais para vender o produto, eu tinha que convencer o cliente, que a ideia genial de outras pessoas era o que ele precisava pra vender o produto dele.
Acabei percebendo que tudo fazemos é convencer. O meu chefe me convence de que precisamos de contas novas para que eu continue tendo emprego. Eu convenço você que a minha agência é a melhor para atender ao seu negócio. Você me convence de que temos que aumentar as vendas. Eu convenço o deparmanto de criação de que o cliente quer algo mais tradicional. O departamento de criação me convecnce de que o briefing é ultrapassado e que para atingir ao resultado esperado é necessário uma abordagem mais inovadora. Eu convenço o cliente de que inovação e a palavra chave para o sucesso do projeto. O cliente se convence mas quer que além de inovador quer que seja engraçado. Eu convenço a equipe de criação de que tem que ser engraçado. A equipe de criação me convence de que aquela peça publicitária é exatamente o que o cliente necessita. Eu convenço o cliente que aquela peça publicitária é o melhor pro obejtivo dele. Ele aprova e convence ao meu chefe a me manter no emprego.
Aconselhar, aliciar, capacitar, certificar, demosntrar, induzir, instigar, persuadir, provar, sugestionar, são alguns sinônimos que convecer tem. E é o que fazemos todos os dias.
Mas porque algumas pessoas tem mais facilidade para convencer outras daquilo que querem? E eu não estou falando somente no âmbito corporativo. Estou falando na vida em geral. Por que algumas pessoas conseguem mais relacionamentos amorosos, por que tem mais amigos, por que alguém é o centro das atenções nos lugares em que chega. Por que eles convencem mais do que os outros? Essa era uma questão que me perseguia diariamente.
Até que um amigo estreiou uma peça de teatro e me convidou para ir. Foi incrível. A maneira como aquele elenco tinha que convencer 100 pessoas de que eram outras pessoas e contar uma estória, que naquele caso foi inventada também. Naquela noite, o público correspondeu. A platéia acompanhou o enredo com suas respirações alterados e suas emoções afloradas. Era isso. Os atores eram os especialistas em convencimento. Era o teatro que ia me ensinar sobre o ser humano. Então eu fui fazer teatro. Entrei na CAL e comecei a entender como controlar meu corpo e minha voz para que personagens fossem críveis. Foi a primeira vez que entendi o que era máscara social.
O filósofo americano Ralph Waldo Emerson diz que “O homem só é sincero sozinho, na presença de uma segunda pessoa começa a hipocrisia”. E o grande diretor de teatro polaco e importante homem do teatro do século XX, Jerzy Grotowski diz que para que haja teatro é necessário somente o olhar do expectador, mais nada.

Cada vez mais fui me entregando aos estudos das artes cênicas e fui apresentada a um grande homem chamado Augusto Boal. Dramaturgo e diretor de teatro, Boal teve sua técnica difundida pelo mundo, sendo empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como forma de emancipação, mastambém nas áreas de saúde, prisional e educacional. O trabalho desse homem é tão incrível, que o estudando, cheguei a conclusão de que além dos setores atingidos por ele, poderíamos agora incluir o corporativo. Sim, comecei a estudar como aplicar os jogos e tecnicas teatrais desenvolvidas por Boal para profissionais de vários setores como: vendas, compras, atendimento ao cliente, recrutamento de funcionários e também trabalho em equipe.  
Aqui no blog vou passar algumas dicas.
Vejo vocês por aqui!